Desde o final de setembro, o dólar acumula uma alta de 4% em relação ao real, e analistas de mercado acreditam que essa tendência pode continuar até o final de 2024. Três fatores principais estão por trás dessa pressão: a postura mais rígida do Federal Reserve (Fed), a deterioração do cenário fiscal no Brasil e a possibilidade de Donald Trump adotar políticas econômicas protecionistas caso seja reeleito presidente dos EUA.
O primeiro fator que tem contribuído para o aumento do dólar é a postura mais conservadora do Fed, que descartou cortes agressivos na taxa de juros nas próximas reuniões. Isso diminui a atratividade de moedas de países emergentes, como o real, mesmo com o Brasil iniciando seu ciclo de aperto monetário. Analistas apontam que, se o Fed continuar mantendo os juros elevados, o dólar tende a se fortalecer ainda mais.
O segundo fator é a preocupação com o cenário fiscal brasileiro. Notícias recentes sobre possíveis mudanças na tributação de milionários e o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda geraram desconforto no mercado. Apesar das tentativas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de tranquilizar os investidores, o real tem sido uma das moedas que mais sofreu desvalorização em comparação a outras moedas emergentes e de países exportadores de commodities.
Por fim, o terceiro fator é o cenário político nos Estados Unidos. A possível reeleição de Donald Trump e sua defesa por políticas protecionistas, como o aumento das tarifas de importação, têm levado a temores de uma nova guerra comercial. Isso afeta negativamente o apetite por moedas emergentes, como o real, e pode fortalecer ainda mais o dólar até o fim de 2024.
Diante desses fatores, instituições como a Armor Capital e a Western Asset já revisaram suas projeções de câmbio para o final de 2024, prevendo o dólar em torno de R$ 5,50, com viés de alta. O cenário pode piorar, especialmente com a incerteza fiscal e as pressões externas que afetam a economia brasileira.
